
Encerrado os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, com medalha de prata para o Brasil no vôlei feminino, e um decepcionante 4º lugar para a seleção masculina, é chegado o momento de realizar um balanço do que foi a competição na modalidade, no principal evento esportivo do mundo.
Feminino
A seleção brasileira feminina de vôlei surpreendeu em Tóquio. As brasileiras superaram as expectativas. O Brasil não estava cotado para a disputa do ouro. Outras forças da modalidade apareciam na frente das brasileiras como favoritas. Com vitórias convincentes contra Sérvia e Comitê Russo, o Brasil chegou na final contra os Estados Unidos.
No entanto, apesar da boa campanha na competição, as brasileiras tiveram um desempenho abaixo do esperado na grande final. Ficou a sensação de que o Brasil foi longe demais. Nem mesmo o doping de Tandara, às vésperas da semifinal contra a Coreia do Sul, serve como justificativa para o pífio rendimento na decisão da medalha de ouro.

Além da campanha brasileira, os Jogos Olímpicos de Tóquio tiveram outras surpresas, mas neste caso, negativas. A eliminação da China na 1ª fase foi uma grande decepção. Cercada de mistério, a China chegou a Tóquio na condição de super favorita, mas seu desempenho em quadra foi abaixo da crítica.
Dado que as chinesas estavam treinando exclusivamente para os Jogos, desde o começo da pandemia, ficou evidente o erro de planejamento. Além disso, o excesso de treinos, provavelmente, agravou a contusão no punho da principal jogadora da China, a ponteira Zhu.
Para completar, não podemos esquecer do componente político. A pressão sobre as chinesas em Tóquio foi muito grande. Para o país, era muito importante conquistar o ouro olímpico no Japão, rival histórico chinês. A eliminação precoce ainda deixou a despedida de Lang Ping, campeã olímpica como jogadora e treinadora, da seleção chinesa, com gosto amargo.

As decepções na Olimpíada de Tóquio não terminaram com a China. O Japão, anfitrião dos Jogos, também foi eliminado na 1ª fase, em um grupo mais fácil do que da China. Claramente, as japonesas sentiram a pressão e a falta de sua torcida apaixonada.
Para encerrar, como não elogiar o desempenho norte-americano. Os Estados Unidos demonstraram ter um grupo de 12 jogadoras de alto nível. Com força no coletivo, foram superiores aos adversários no mata-mata, em uma campanha impecável. No fim, nada mais justo, do que a ponteira Larson como MVP da competição, representando o jogo coletivo norte-americano.

Masculino
Já no masculino, o Brasil decepcionou com um melancólico 4º lugar. O excesso de exposição nas redes pode explicar em partes a performance ruim nos Jogos de Tóquio. Além disso, nos jogos decisivos, faltou lucidez ao técnico Renan Dal Zotto para realizar mudanças. Ficou a impressão que ele não confiava no seu banco de reservas.
Apesar disso, mesmo que acionadas com atraso, as peças de reposição também não funcionaram. Principalmente, contra o Comitê Russo na semifinal e na disputa do bronze contra a Argentina. Além disso, a participação de Leal na competição olímpica não chegou nem perto do que ele está habituado a jogar. Para ser justo, individualmente, apenas o central Lucão se salvou, com desempenho acima da média no bloqueio.
Para encerrar, não dá para se calar diante do comportamento da torcida e mídia brasileira. Política à parte, são incompreensíveis os pedidos feitos durante os Jogos de Tóquio, para colocar Douglas Souza no lugar do cubano Leal, em momentos inoportunos, após anos de pressões pela sua naturalização.

As decepções nos Jogos, no naipe masculino, não foram exclusividade dos brasileiros. Os norte-americanos foram eliminados na 1ª fase, no grupo da morte. Algo que já aconteceu nos Jogos de Atlanta 1996 e Sydney 2000. O ponteiro Russel contundido fez falta. Além disso, na ausência dele, o corte do oposto Patch pareceu equivocado.
Sem ritmo de jogo, os italianos também não foram bem nos Jogos de Tóquio. Eliminados nas quartas-de-final, os italianos fizeram a pior campanha nas Olimpíadas desde Seul 1988, há 33 anos. Mais um exemplo de planejamento mal realizado.

Assim como no feminino, também não faltaram surpresas positivas. Os argentinos conquistaram a medalha de bronze, também após 33 anos. Desbancaram o pódio completo dos Jogos do Rio 2016, eliminando os Estados Unidos na fase de grupos e a Itália nas quartas-de-final. Na disputa do bronze bateram o Brasil, em Jogos Olímpicos, após 21 anos.
Fechando o balanço da Olimpíada de Tóquio, não poderia deixar de citar a campanha francesa. Após perder seu primeiro jogo na competição, para os americanos, de forma acachapante, a França se recuperou. O técnico Lauren Tillie mudou sua seleção, com o torneio em andamento, encontrando sua formação ideal. Deu certo! Os franceses foram campeões olímpicos pela 1ª vez, e a partir de agora serão dirigidos por Bernardinho, com promessas de mais conquistas.
