O WORLD GRAND PRIX 2003
Em 2003, em virtude do vírus da Sars no continente asiático, principalmente na China, o Grand Prix de vôlei daquele ano foi transferido pela FIVB para a Itália. A medida foi tomada às pressas para evitar o contágio da doença. A escolha da sede substituta ocorreu após o título mundial italiano em 2002, aumentar o interesse do país pela modalidade no naipe feminino. Além disso, a Liga Italiana da categoria iniciava o seu apogeu.
O formato da competição também foi alterado. Na 1ª fase, 12 seleções foram divididas em dois grupos, de 6 países cada. Os cinco primeiros avançaram para as finais, englobando as duas chaves. Como país sede, a Itália já estava garantida nas finais, em Andria. O grupo A era composto por Itália, Estados Unidos, Holanda, Alemanha, Japão, Cuba. O grupo B por China, Rússia, Brasil, Coréia do Sul, Canadá e Tailândia.
O Brasil não saiu-se bem no torneio. Ficou em um modesto 8º lugar. Fora das finais. Na verdade, foi a sua pior participação da história no Grand Prix. Sob o comando de Marco Aurélio Motta, a seleção brasileira até conquistou um feito na competição. Conseguiu derrotar a China por 3×1, depois de uma sequência de quase dez derrotas no confronto direto com as chinesas, naquele ciclo. Porém, um surpreendente revés para a Coréia do Sul por 3×0, na última rodada da 1ª fase, tirou as brasileiras das finais.
Foi a gota d’água. Logo depois da eliminação, a CBV demitiu o técnico Marco Aurélio Motta do comando da seleção. Cercado de polêmicas com as principais atletas do país, Marco Aurélio Motta sucumbiu ao vexame brasileiro na Itália, justamente quando parecia ajustar o time. Na esteira do sucesso da transição de Bernardinho do feminino para o masculino, a CBV escolheu José Roberto Guimarães, campeão olímpico até aquele momento, com o masculino, em Barcelona 1992, para o seu lugar. Quase 17 anos depois, ele se mantém no cargo.
Um fato curioso desse Grand Prix foi a falta de transmissão da competição para o Brasil, dadas as circunstâncias dos acontecimentos da época. Ao que parece, mesmo com os direitos de transmissão, o SPORTV não exibiu o torneio, vencido pela China. Desde então, tirando o título holandês em 2007, Brasil e Estados Unidos revezam-se no lugar mais alto do pódio, incluindo a Ligas das Nações, sucessora natural do Grand Prix. Na internet, é possível encontrar algumas partidas da fase final, como esta no link abaixo, entre China e Estados Unidos, pela 1ª rodada das finais.
O INUSITADO JOGO DO TÍTULO
No ano de 2007, a seleção brasileira masculina de vôlei conquistou o bicampeonato da Copa do Mundo, no Japão. Em meio à polêmica do corte de Ricardinho, durante o mesmo ano, no Pan do Rio, o Brasil iniciou a campanha na competição com uma derrota inesperada, pelo placar máximo, para os Estados Unidos. Na sequência da disputa, os comandados de Bernardinho iniciaram uma recuperação histórica rumo ao ouro da Copa. Foram 9 vitórias consecutivas, em 9 jogos, pelo placar de 3×0, contra adversários poderosos como Rússia e Bulgária, até o jogo do título.
No fatídico duelo, contra o Japão, em Tóquio, os brasileiros cederam a primeira parcial na competição, depois da derrota para os americanos, na primeira rodada, por 25/23. Os japoneses vendiam caro para o Brasil o bicampeonato da Copa do Mundo 2007. A seleção masculina virou o placar com certa dificuldade e resistência do Japão, 25/21, 25/19. No começo da quarta parcial, a seleção japonesa imprimiu um ritmo forte, abrindo 5 pontos de vantagem, antes da parada técnica. Até que o inusitado entrou em quadra.
De repente, de uma hora para outra, o jogo foi paralisado pela arbitragem. Segundo a mesa, os japoneses colocaram um atleta para jogar o set, sem inscrever na papeleta do rodízio. Os sete pontos do Japão foram anulados. O placar da parcial, antes desfavorável a seleção brasileira em 5 pontos, ficou favorável em 2×0. Foi tudo que os brasileiros pediram aos céus! Resultado: 25/18 para o Brasil, mais uma conquista no currículo da geração mais vitoriosa do voleibol brasileiro e classificação olímpica garantida para os Jogos de Pequim, em 2008. Para fechar o pacote, Giba foi escolhido o MVP de uma grande competição pela 4ª vez. Serginho foi eleito melhor líbero e Dante o melhor atacante.
O FIM DA HEGEMONIA PERUANA
O ano era 1991. A seleção brasileira feminina de vôlei já não contava mais com os ícones da geração dos anos 80, Vera Mossa e Isabel. Campeão mundial na base, o Brasil passava por um forte processo de renovação. Capitaneadas por Wadson Lima, Fernanda Venturini, Ana Moser e Ana Flávia Sanglard galgavam espaço no sexteto titular brasileiro. Ancoradas por nomes como Ida e Cilene, além da presença de talentos no banco como Fofão, Hilma, Leila e Adriana Samuel, o objetivo brasileiro era acabar com a hegemonia peruana no voleibol sul-americano.
O palco era o ginásio do Ibiraquera, em São Paulo, completamente lotado, em jogo válido pelo Sul-Americano daquele ano. Havia toda uma comoção em torno da partida. Além do título, valia a classificação olímpica para os Jogos de Barcelona, em 1992. O restrospecto era todo favorável ao Peru. As peruanas eram vice-campeãs olímpicas, nos Jogos de Seul, em 1988, além de tetracampeãs consecutivas sul-americanas. O Brasil não vencia a competição desde 1981.
Dentro de casa, a responsabilidade brasileira era enorme, apesar do favoritismo peruano. Para a jovem seleção brasileira, vencer o Peru, seria superar uma grande barreira rumo ao topo da modalidade. O time peruano era comandado pelo coreano Man Bok Park. Entre suas principais estrelas, figuras conhecidas do Brasil como Rosa Garcia, Cecília Tait e Natália Málaga. Não era tarefa fácil. Para desbancar o Peru, uma das seleções mais tradicionais da época, foi necessário um trabalho árduo, que durou duas gerações.
É bom citar algumas peculiaridades da modalidade naqueles tempos. O jogo tinha vantagem, era mais lento, principalmente no feminino, havia mais combinações de jogadas e também ainda existia espaço para jogadores mais baixos. Além disso, o sistema de jogo variava, com mudanças de posição dentro de cada partida. Pois bem, dito isso, no duelo decisivo, o Brasil finalmente bateu o Peru por 3×1, com parciais de 15/5, 9/15, 17/15, 15/13. Desde então, a seleção brasileira feminina abriu o caminho para grandes conquistas, vitórias e títulos históricos.
20 ANOS DO PAN DE WINNIPEG
Há 20 anos, mais precisamente no dia 1º de Agosto de 1999, a seleção brasileira feminina de vôlei conquistava a terceira medalha de ouro da modalidade no Pan, em Winnipeg. O Brasil quebrava uma sequência de sete títulos consecutivos de Cuba, uma das maiores hegemonias dos Jogos. Exatos 28 anos de predomínio cubano na competição feminina do vôlei no Pan-Americano. Sob o comando do técnico Bernardinho, as brasileiras bateram as cubanas por duas vezes no torneio, ambas no tie-break. Uma vez na fase preliminar, outra na decisão do ouro.
À época, o Brasil passava por um processo de renovação, mesclando jovens valores, com a experiência de atletas que recebiam a oportunidade da titularidade na seleção. Entre os principais nomes: a levantadora Fofão, as ponteiras Érika e Virna, a central Walewska, a oposta Leila. Curiosamente, Leila, um dos destaques da campanha do bronze, nos Jogos Olímpicos de Sydney, não fez uma boa competição. Apagada, na grande final, ela foi substituída pela oposta Elisângela. Muito bem, em toda a disputa, foi dela o match point brasileiro.
Ainda naquele Pan, Cuba e Brasil deram importância ao torneio, ao contrário das recentes edições. Por problemas de contusão, apenas a central Regla Torres não esteve presente na equipe cubana. A ponteira Mireya Luís, uma das maiores jogadoras de todos os tempos, entrou na partida decisiva, por diversas vezes. Sua performance dançando no banco de reservas, quando Cuba vencia a final, por 2×1, entrou para os anais. Ao final, o Brasil deu o troco por anos de reveses nas principais competições. Pena que, infelizmente, o roteiro não se repetiu em Sydney 2000.
A CAMPANHA DO OURO
Round Robin
23/07/99 Brasil 3×0 Peru 25/15, 25/23, 25/17
24/07/99 EUA 0x3 Brasil 20/25, 17/25, 23/25
25/07/99 Canadá 0x3 Brasil 21/25, 16/25, 18/25
27/07/99 Brasil 3×0 Rep. Dominicana 25/23, 25/23, 25/17
28/07/99 Cuba 2×3 Brasil 25/23, 19/25, 25/17, 22/25, 13/15
Semifinal
30/07/99 Brasil 3×0 Rep. Dominicana 25/20, 25/13, 25/12
Final
01/08/99 Brasil 3×2 Cuba 20/25, 25/22, 25/27, 25/22, 15/13