20 ANOS DO OURO EM ATENAS

Se 2024 não foi um bom ano para seleção brasileira masculina de voleibol, 2004 foi um ano de glória! O Brasil conquistou a medalha de ouro em Atenas, templo dos Jogos Olímpicos. Mais do que a merecida vitória, os brasileiros encantaram o mundo, com um novo jeito de jogar a modalidade. Com criatividade, essa seleção masculina do Brasil foi a que mais expressou em quadra a cultura do seu povo. Os brasileiros deram aula, sendo devidamente recompensados com o lugar mais alto do pódio. Confira abaixo, como foi a história da conquista do segundo ouro olímpico do Brasil no voleibol masculino.

A seleção brasileira masculina de vôlei, campeã olímpica nos Jogos de Atenas 2004/Divulgação/Time Brasil

INÍCIO 

A jornada da conquista do ouro olímpico pelo voleibol masculino em Atenas, começa logo após o fim dos Jogos de Sydney 2000. Em uma decisão arrojada, o então presidente da Confederação Brasileira de Voleibol, Ary Graça, fez uma troca no comando técnico da seleção masculina com a feminina. Depois de um excelente trabalho com as mulheres, Bernardinho foi promovido, sendo alçado ao posto de treinador do que viria a ser, a melhor seleção brasileira de todos os tempos.

CICLO OLÍMPICO

O trabalho de Bernardinho com os homens, deu resultado logo de cara, com a conquista da Liga Mundial 2001 na Polônia. Entretanto, os planos de Bernardinho eram mais ambiciosos. Ninguém conseguiria imaginar naquele momento, a quantidade de títulos que a seleção brasileira masculina viria ganhar, nem o tamanho da hegemonia que iria se impor aos adversários. Porém, a conquista do inédito título do Mundial em 2002 na Argentina, mostrou que aquela seleção brasileira masculina de Bernardinho não estava para brincadeira.

MELHOR ELENCO DA HISTÓRIA

Para colocar em prática o seu plano de jogo pelas mãos de Ricardinho, o técnico Bernardinho contou com um dos melhores elencos da história. Mesclando juventude e experiência, com nomes como Maurício e Giovane, campeões olímpicos em Barcelona, Bernardinho e companhia mudaram o jeito de jogar voleibol. Desafiando os padrões da modalidade, com jogadores mais baixos em comparação com o nível internacional, Bernardinho trouxe a experiência do vôlei feminino para o naipe masculino, batendo de frente com a lógica da modalidade.

ESCONDENDO O JOGO

Um dado curioso sobre o elenco brasileiro naquele momento, é que Bernardinho escondeu a formação titular para os Jogos de Atenas o quanto pode. Com várias opções para todas posições, ele se deu ao luxo de ganhar vários campeonatos daquele ciclo olímpico, com jogadores que estavam no banco em Atenas. Na verdade, esse era um dos diferenciais daquele time. Haviam doze titulares. A estratégia era tão peculiar que serve de referência até hoje para o voleibol de alto nível. Não se ganha nada na modalidade com apenas um grande jogador, é preciso ter jogo coletivo.

CONTUSÕES E CORTES

Mas nem tudo foram flores na caminhada do ouro do voleibol masculino em Atenas. Entre os percalços, a suspensão de Giba por doping de maconha e a contusão de Nalbert às vésperas dos Jogos Olímpicos. O capitão conseguiu uma recuperação milagrosa! Para completar, Bernardinho soube administrar muito bem o corte do central Henrique. Campeão mundial em 2002 na Argentina, ele ficou de fora das Olimpíadas de Atenas, sendo lembrando na comemoração da conquista do ouro no pódio olímpico.

INOVAÇÃO, CRIATIVIDADE E ESTILO 

Com um elenco desse e Bernardinho no banco como técnico, o Brasil deitou e rolou em Atenas. Fez o que quis. Para começo de conversa, foi nesta Olimpíada que Bernardinho atingiu o ápice do seu estilo de jogo. Com Ricardinho na mão, Bernardinho conseguiu implantar plenamente seu sistema tático, com a cabeça pensante do levantador. Seus levantamentos tinham uma velocidade absurda. A bola praticamente não tinha parábola. Para se ter uma ideia, o que assistimos hoje no voleibol internacional no quesito levantamento, possui como referência o trabalho de Bernardinho pelas mãos de Ricardinho. Além disso, aquela seleção brasileira tinha um volume de jogo incomum para o voleibol masculino. Pareciam japoneses no fundo de quadra. O líbero Serginho varria o fundo de quadra como nenhum outro jogador de voleibol da história. Para completar, a marca daquele time, copiada por todas outras seleções depois, era o ataque pela bola pipe. Essa jogada consagrou o ponteiro Giba como melhor jogador de Atenas. A hegemonia criada por essa jogada foi tão grande, que Giba dominou as premiações individuais por três anos ininterruptos. Isso sem contar, o seu desempenho nos outros fundamentos. Giba neles!

O ponteiro Giba, eleito MVP dos Jogos Olímpicos de Atenas/AFP

CAMPANHA OLÍMPICA

O Brasil só não foi campeão olímpico invicto porque não quis! Os brasileiros se deram ao luxo de escolher adversários, perdendo na 1ª fase para os Estados Unidos, por 3×1. O Brasil poupou alguns jogadores nesta partida. Quem não gostou nada desta história foi o técnico dos Estados Unidos, Doug Beal. Ele chegou a dizer na época, ainda durante os Jogos de Atenas, que o Brasil estava se vingando por uma situação parecida que aconteceu entre as duas seleções, nos Jogos de Los Angeles em 1984. A polêmica foi tão grande, que o COI introduziu o sorteio nas Olimpíadas seguintes, para definir os confrontos de quartas de final entre os segundos e terceiros colocados da 1ª fase. No link abaixo, você acessa os momentos decisivos da semifinal entre Brasil e Estados Unidos.

Outro fato curioso da campanha olímpica do Brasil em Atenas, foi que além dos Estados Unidos, os brasileiros enfrentaram a Itália por duas vezes, na 1ª fase e na grande decisão do ouro. Entretanto, neste caso, o Brasil ganhou os dois jogos. Mas para quem pensa que o duelo da 1ª fase foi mais fácil, deve se atentar para o recorde nunca igualado dessa partida em Jogos Olímpicos. Com a partida decidida no tie-break, as duas seleções fizeram um teste para cardíaco no 5º set do confronto. O Brasil venceu o jogo por 3×2, com o placar marcando 33/31 no tie-break! Um recorde imbatível até os dias de hoje! Neste link abaixo, você acessa o jogo.

Não menos difícil, a decisão do ouro foi controlada pelo Brasil do começo ao fim. Apesar de perder uma parcial, os brasileiros mostraram para o mundo, quem dava às cartas naquele momento no voleibol masculino. Vitória por 3×1. Ouro para o Brasil, prata para Itália, bronze para Rússia. No link abaixo, você acessa a final olímpica completa de 2004 entre Brasil e Itália.

A RIVALIDADE ENTRE BRASILEIRAS E AMERICANAS NAS OLIMPÍADAS

Por muitos anos no voleibol feminino, Cuba foi o maior rival da seleção brasileira, principalmente nos anos de 1990. Na década seguinte, as russas foram uma das principais adversárias das brasileiras. Entretanto, após três finais olímpicas entre Brasil e Estados Unidos no voleibol feminino, cresceu a rivalidade entre as duas seleções quando o assunto são as Olimpíadas. Além das finais olímpicas, brasileiras e americanas já decidiram medalha de bronze por duas vezes. Também se enfrentaram em jogo eliminatório pelas quartas de final em Atenas 2004. No total, Brasil e Estados Unidos disputaram 10 jogos na história das Olimpíadas, com cinco vitórias para cada lado. Confira abaixo, o histórico olímpico de confrontos entre brasileiras e americanas no voleibol feminino.

Brasileiras e americanas fizeram a última final olímpica/Divulgação

LOS ANGELES 1984

01/08/1984 1ª fase EUA 🇺🇸3×2 🇧🇷Brasil

12/15, 10/15, 15/5, 15/5, 15/12

SEUL 1988

23/09/1988 1ª fase EUA 🇺🇸3×2 🇧🇷Brasil

14/16, 15/5, 15/13, 12/15, 15/7

Maior pontuadora: Kim Oden 🇺🇸 13 pontos

BARCELONA 1992

07/08/1992 Bronze EUA 🇺🇸3×0 🇧🇷BRASIL

15/8, 15/6, 15/13

SYDNEY 2000

24/09/2000 1ª fase BRASIL 🇧🇷3×1 🇺🇸EUA

25/17, 20/25, 25/15, 25/15

Maior pontuadora: Virna 🇧🇷21 pontos

SYDNEY 2000

30/09/2000 Bronze BRASIL 🇧🇷3×0🇺🇸EUA

25/18, 25/22, 25/21

Maior pontuadora: Érika e Virna 🇧🇷16 pontos

ATENAS 2004

24/08/2004 Quartas BRASIL 🇧🇷3×2 🇺🇸EUA

25/22, 25/20, 22/25, 25/27, 15/6

Maior pontuadora: Érika 🇧🇷20 pontos

PEQUIM 2008

23/08/2008 Final BRASIL 🇧🇷3×1 🇺🇸EUA

25/15, 18/25, 25/13, 25/21

Maior pontuadora: Sheilla 🇧🇷19 pontos

LONDRES 2012

30/07/2012 1ª fase EUA 🇺🇸3×1 🇧🇷BRASIL

25/18, 25/17, 22/25, 25/21

Maior pontuadora: Hooker 🇺🇸23 pontos

LONDRES 2012

11/08/2012 Final BRASIL 🇧🇷3×1🇺🇸EUA

11/25, 25/17, 25/20, 25/17

Maior pontuadora: Jaqueline 🇧🇷18 pontos

TÓQUIO 2020

08/08/2021 Final EUA 🇺🇸3×0 🇧🇷BRASIL

25/21, 25/20, 25/14

Maior pontuadora: Drews 🇺🇸15 pontos

Fonte: Olympedia

O FIM DO JEJUM JAPONÊS

Uma das seleções mais tradicionais do voleibol feminino, o Japão ficou 28 anos sem subir no pódio das Olimpíadas. Bicampeãs olímpicas em 1964 e 1976, as japonesas ficaram de jejum do pódio olímpico de Los Angeles 1984 até Londres 2012. Esse período compreende o momento em que o Japão entrou em um limbo na modalidade. As japonesas sofreram com o aumento padrão da estatura das jogadoras, além da falta de potência ofensiva. Nem mesmo o conhecido sistema defensivo do país conseguiu frear a decadência. O ápice da crise foi a ausência do Japão no voleibol feminino nos Jogos de Sydney em 2000. De lá para cá, o Japão se recuperou após uma reformulação na estrutura da modalidade, além da chegada de algumas jogadoras mais altas, sem perder a sua essência tática. Veja abaixo, um pouco dessa história.

A seleção japonesa feminina postulada após a disputa do bronze em Londres/Divulgação

MANABE

Após os Jogos de Pequim em 2008, o ex-levantador da seleção masculina japonesa, Manabe, assumiu o comando técnico da seleção feminina do Japão. Seu trabalho revolucionou a modalidade no país. Logo de cara, ele conquistou a medalha de bronze no Mundial 2010, jogando em casa. Para se ter uma ideia do alcance do resultado, as japonesas não conquistavam uma medalha em Campeonatos Mundiais desde 1978. Naquela ocasião, as japonesas foram vice-campeãs sendo superadas por Cuba.

EXPECTATIVA OLÍMPICA

O bronze no Mundial em casa fez as japonesas sonharem com um resultado melhor nos Jogos Olímpicos de Londres em 2012. Entretanto, a concorrência era pesada. O Japão não figurava entre os favoritos ao pódio em Londres. Porém, a performance nas partidas da Copa do Mundo 2011 e do próprio Mundial 2010 mostraram que as japonesas poderiam surpreender! Quem não se lembra daquela semifinal do Mundial 2010 entre Brasil e Japão? As brasileiras sofreram para ganhar do Japão. Talvez, por esse desempenho, o Japão levou o bronze no Mundial 2010 contra os Estados Unidos.

JOGOS OLÍMPICOS DE LONDRES 2012

Em Londres 2012, o Japão não caiu no grupo da morte, mas teria adversários fortes pela frente como República Dominicana, Itália e Rússia. Além de cumprir seu papel vencendo a República Dominicana, por 3×1, as japonesas foram muito elogiadas nas derrotas para Rússia e Itália, por 3×1. O desafio seria avançar para semifinais. Pela frente, a rival China. Muito bem, corroborando o desempenho na 1ª fase, o Japão foi a única seleção do grupo A dos Jogos de Londres que conseguiu conquistar classificação para semifinais! Eliminou as chinesas no tie-break, em show da levantadora Takeshita e das ponteiras Kimura e Ebata.

DISPUTA DE BRONZE

Apesar do desempenho acima da média, o Japão não foi páreo para o Brasil nas semifinais, sendo eliminado da disputa do ouro, por 3×0. Mas havia a disputa do bronze, contra outra rival do continente, a Coreia do Sul. No histórico de confrontos, a Coreia do Sul levava vantagem sobre o Japão nas últimas décadas. Além disso, contava em seu elenco com a estupenda ponteira Kim. Porém, contrariando mais uma vez os prognósticos, o Japão bateu a Coreia do Sul, por 3×0, ficando com a medalha de bronze nos Jogos de Londres no voleibol feminino. No link abaixo, você acessa a partida que deu fim ao jejum de pódio olímpico do Japão no voleibol feminino.

O TÍTULO MUNDIAL DOS ESTADOS UNIDOS

Os Estados Unidos no pódio do Mundial feminino 2014/Divulgação/FIVB

Depois de muito tempo, os Estados Unidos finalmente ganharam uma grande competição no voleibol feminino. As norte-americanas levaram a taça do Campeonato Mundial em 2014 na Itália. Anteriormente, os Estados Unidos haviam vencido o Grand Prix, por cinco vezes, além de terem sido vice-campeões olímpicos por três vezes, antes de levar a medalha de ouro nos Jogos de Tóquio em 2021. Aliás, duas dessas medalhas de prata das norte-americanas nos Jogos Olímpicos são cercadas de histórias traumáticas, uma delas envolvendo o Brasil em Londres 2012. Confira abaixo, como dois anos depois de Londres, os Estados Unidos viraram o jogo conquistando o Mundial 2014, título que até hoje o Brasil não venceu no vôlei feminino.

REFORMULAÇÃO GERAL

Após mais um fracasso olímpico em Londres, os Estados Unidos promoveram uma reformulação geral no time feminino de voleibol. Com um trabalho de base de excelência nas universidades, uma nova geração talentosa chegou ao time adulto sob o comando de um novo técnico, o lendário Karch Kiraly, considerado o melhor jogador da história da modalidade no naipe masculino. Um trabalho de garimpo no país, capitaneado por ele, que mudou a cara da seleção nacional.

ESTILO DE JOGO

Uma das mudanças promovidas por Karch Kiraly foi a obsessão por opostas canhotas. Em seu sistema tático que privilegiava a velocidade era fundamental manter a virada de bola com uma oposta canhota. No garimpo realizado por ele, essa jogadora foi encontrada. Tratava-se de Kelly Murphy. Além disso, mesmo com uma levantadora remanescente do ciclo passado, no caso Alisha Glass, Karch Kiraly imprimiu um ritmo na armação das jogadas que ainda não tinha sido visto no voleibol feminino. O trabalho de sua levantadora foi comparada ao lendário levantador brasileiro, Ricardinho, tamanha a velocidade da distribuição do seu jogo.

PRÉ-MUNDIAL

Antes do Mundial 2014, os Estados Unidos fizeram campanhas modestas com relação ao potencial do time. Além do 6º lugar no Grand Prix 2013, os Estados Unidos ficaram de fora da fase final da competição em 2014. Como resultado mais alvissareiro, às norte-americanas foram vice-campeãs da Copa dos Campeões em 2013 no Japão. Pouco, para o que vinha pela frente, porém, dentro do previsto dado o tamanho da reformulação realizada por Karch Kiraly.

FASE DE GRUPOS

Na 1ª fase do Mundial 2014, os Estados Unidos caíram no mesmo grupo da Rússia, atual bicampeã mundial, em Verona. Além das russas, os Estados Unidos tiveram como adversários: México, Holanda, Cazaquistão e Tailândia. Na estreia, os Estados Unidos tomaram um susto, perdendo uma parcial para o México. Nos jogos seguintes, três vitórias por 3×0, contra holandesas, tailandesas e cazaques. No grande duelo pela liderança chave, os Estados Unidos passaram pelo primeiro grande teste da competição, ao bater a Rússia, por 3×1, com parciais de 34/32, 25/19, 29/31, 26/24.

2ª FASE

Na 2ª fase, os Estados Unidos tiveram o primeiro encontro com o Brasil na competição. O grupo das norte-americanas cruzava com o o grupo do Brasil, com 4 jogos para cada seleção. As três melhores avançavam para 3ª fase. Estados Unidos, Rússia e Brasil eram os favoritos do grupo, mas a chave brasileira teoricamente era mais difícil. Para supresa de muitos, os Estados Unidos ganharam dos adversários do Brasil na 1ª fase com certa tranquilidade. Vitória por 3×1 contra a Turquia e por 3×0 contra Sérvia e Bulgária. No duelo derradeiro com o Brasil, pela liderança da chave, uma surpresa! Depois do episódio de Londres, em que poderia ter eliminado o Brasil dos Jogos Olímpicos na 1ª fase, caso perdesse para a Turquia, os Estados Unidos entraram com um time considerado reserva para o jogo com as brasileiras no Mundial 2014. Tal fato foi marcante para torcida brasileira porque nesse dia aconteceu votação presidencial no país pelo 1º turno eleitoral. Resultado: vitória do Brasil por 3×0. No link abaixo, você acessa essa partida no YouTube.

3ª FASE

Os cálculos dos Estados Unidos na partida com o Brasil na 2ª fase jogaram as norte-americanas no grupo da Itália, dona da casa, na 3ª fase. Além das italianas, os Estados Unidos enfrentariam também novamente a Rússia. Na partida com a Itália, os Estados Unidos sofreram uma derrota acachapante por 3×0. Tudo parecia perdido para elas após esse revés, mas uma nova vitória sobre a Rússia por 3×1, combinada com revés das russas para Itália, também por 3×1, classificaram os Estados Unidos para semifinais. No link abaixo, você acessa o jogo em que a Itália despachou a Rússia, ajudando os Estados Unidos.

ACERTO DE CONTAS

Nas semifinais, aconteceu o segundo encontro de Estados Unidos e Brasil no Mundial 2014. Um verdadeiro acerto de contas após os Jogos Olímpicos de Londres. Dessa vez, com o time completo, ao contrário da partida da 2ª fase, os Estados Unidos não deram chances para o Brasil, dando o troco nas brasileiras pela derrota na final olímpica de 2012. Em sets diretos, vitória dos Estados Unidos com parciais de 25/18, 29/27, 25/20. No link abaixo, você acessa essa semifinal entre Brasil e Estados Unidos.

DECISÃO DO TÍTULO

Na grande final da competição, o adversário dos Estados Unidos seria a grande rival no cenário geopolítico, China. Após uma campanha ruim em Londres, a China também estava reformulada com Lang Ping no banco como treinadora, além do fenômeno Ting Zhu com apenas 20 anos de idade. Com bom jogo coletivo, os Estados Unidos conseguiram neutralizar a ponteira chinesa, além de contar com grande atuação de Kim Hill. Sua performance foi tão decisiva, que ela acabou eleita melhor jogadora da competição. Enfim, finalmente o título mundial norte-americano veio, com um triunfo por 3×1 sobre as chinesas. No link abaixo, você acessa a final do Mundial 2014 no YouTube.

A PRIMEIRA MEDALHA OLÍMPICA DO VÔLEI MASCULINO

A seleção brasileira masculina de vôlei no pódio dos Jogos Olímpicos de Los Angeles 1984

Em 1984, nos Jogos de Los Angeles, o Brasil subiu ao pódio olímpico do voleibol masculino pela primeira vez. Capitaneados por Bebeto de Freitas, a seleção formada por Renan Dal Zotto, William, Bernard, Xandó, Montanaro, Amauri, Fernandão, Bernardinho, Domingos Maracanã, entre outros, conquistou a medalhada de prata. Graças a eles, a modalidade virou uma verdadeira febre no país à época. Se hoje o voleibol é o segundo esporte no Brasil, deve-se em muito a popularmente conhecida “geração de prata”. Para se ter uma ideia da importância daquela geração, além de talentosos, a maioria deles empreendeu por toda a estrutura do esporte no Brasil. Entre os principais legados, a liderança técnica de Bernardinho nas seleções feminina e masculina, que perduram até os dias de hoje.

LOS ANGELES 1984

Antes dos Jogos Olímpicos de 1984 começar, o Brasil era favorito ao ouro no voleibol masculino. A seleção brasileira era atual vice-campeã mundial e acabava de vencer a URSS no Maracanã lotado em 1983, por 3×1, devolvendo a derrota da final do Mundial de 1982. No entanto, esse favoritismo brasileiro era apontado porque a URSS boicotou os Jogos Olímpicos de Los Angeles 1984, por motivos políticos. Sem um rival à altura, o ouro brasileiro era considerado quase certo, pela crítica.

FASE DE GRUPOS

Na 1ª fase da competição, os brasileiros teriam pela frente Argentina, Tunísia, Coreia do Sul e os Estados Unidos, donos da casa. Em sua estreia, o Brasil passou pela Argentina, por 3×1. Logo em seguida, novo triunfo, sobre a Tunísia, por 3×0. Veio então a supresa! Sob um intenso jogo de velocidade, a seleção brasileira acabou derrotada pela Coreia do Sul, por 3×1. Como apenas duas seleções avançariam de fase na chave, seria necessário vencer os Estados Unidos e fazer contas.

FINAL ANTECIPADA

Após a vitória da Coreia do Sul sobre a Argentina por 3×2, na última rodada da 1ª fase, o Brasil entrava mais do que nunca em quadra precisando ganhar dos Estados Unidos. Os norte-americanos já estavam classificados para semifinais. Jogaram contra os brasileiros, sem responsabilidade, segundo consta, com seu time considerado reserva. Na quadra, em sua melhor atuação na competição, o Brasil superou a pressão da torcida californiana, vencendo os Estados Unidos, por 3×0, com parciais de 15/10, 15/11, 15/2. Nesse link, você assiste ao compacto desse jogo.

SEMIFINAIS

Nas semifinais o Brasil teve pela frente os italianos, que estavam em ascensão no cenário internacional. Já os Estados Unidos enfrentaram o vizinho Canadá. O Brasil chegou a sair perdendo para Itália, mas venceu a semifinal, por 3×1, com parciais de 12/15, 15/3, 15/2, 15/5. Já os norte-americanos passaram sem sustos sobre o Canadá, por 3×0, com parciais de 15/6, 15/10, 15/7.

DECISÃO DO OURO

Após grande atuação na 1ª fase contra os Estados Unidos, os brasileiros entraram em quadra para decisão do ouro, cercados de grandes expectativas, mas o que se viu em quadra foi uma grande decepção! O Brasil teve um desempenho abaixo da crítica, enquanto os norte-americanos mostraram o seu verdadeiro nível de jogo, escondido na partida da 1ª fase.

A decepção foi tão grande, que todo um trabalho de anos foi colocado em xeque. Segundo consta, um dos motivos para má atuação, foi o desentendimento entre a CBV, jogadores e seus patrocinadores. Os três não conseguiram entrar em acordo sobre a utilização do material esportivo dos atletas. Nada comprovado até hoje, tudo conversa de bastidores.

Mas a verdade é que os norte-americanos mereceram a vitória. Liderados pelo técnico Doug Beal, introduziram no esporte o uso de estatísticas, além da definição de função de cada jogador em quadra. Ao Brasil, restou um grande legado, que colheu frutos no futuro, como avalia-se atualmente. Além disso, a “geração de prata” deixou como inovação na modalidade a técnica do saque viagem, introduzida no esporte pelos brasileiros, para minimizar a baixa estatura, além da variação de jogadas e velocidade imprimidas pelo levantador William.

No link abaixo, você assiste a decisão da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Los Angeles 1984, que virou um clássico mundial, entre Brasil e Estados Unidos.

O SURPREENDENTE FINAL DA TEMPORADA 2013/2014

Há dez anos, a Superliga Feminina tinha um dos finais mais inesperados de sua história. Para não dizer que estou mentindo, em comparação histórica, somente na extinta Liga Nacional feminina 93/94, uma temporada antes do lançamento da Superliga no Brasil, houve algo igual, com terceiro e quarto colocados da 1ª fase decidindo o título.

Para começar a contar essa história, é preciso que o leitor entenda o contexto da competição. Visando aumentar a representatividade, a temporada 2013/2014 da Superliga Feminina foi uma das mais inchadas de todos os tempos, com 14 clubes. Tinha time até do Maranhão. Outra medida curiosa foi a mudança na extensão do placar.

Para tentar diminuir a duração dos jogos, atendendo demandas da televisão, essa temporada da Superliga Feminina serviu de teste para mudança no números totais de pontos no placar, de 25 pontos para 21 pontos. Felizmente, percebe-se que a ideia deu errado. Teve jogo com duração maior de tempo mesmo com parciais finalizadas com 21 pontos.

O Rexona venceu a temporada 2013/2014 da Superliga Feminina. Foi o nono título na história da competição/Divulgação

1ª FASE

Na 1ª fase, os dois times finalistas, Rexona e Sesi fizeram campanhas irregulares. O time de Bernardinho terminou em 3º lugar na fase regular, atrás de Osasco e Vôlei Amil de Campinas, time de José Roberto Guimarães. Fato raro em se tratando de uma equipe de Bernardinho, até então. As más línguas disseram na época que Bernardinho estava ocupado com política. Já o Sesi, dirigido pelo campeão olímpico, Talmo, esteve quase ameaçado de ficar fora dos playoffs. Mesmo com grandes reforços, como a levantadora Dani Lins e a central Fabiana, o time de São Paulo demorou a engrenar. O ponto da virada foi a conquista do Sul-Americano 2014, contra Osasco, em pleno domínio adversário.

MATA-MATA

Nas quartas de final da Superliga Feminina 2013/2014, Rexona e Sesi tiveram pela frente confrontos mais difíceis que Osasco e Vôlei Amil. O time de Bernardinho enfrentou a tradicional equipe do Pinheiros. No jogo 1 da série melhor de três, o Pinheiros chegou a estar vencendo, por 2×0, mas o Rexona conseguiu virar a partida para 3×2. Já o Sesi, precisou de três jogos para eliminar o Praia de Uberlândia, que vinha em ascensão na Superliga Feminina.

SEMIFINAIS

As semifinais daquela temporada aconteceram entre Rexona x Vôlei Amil e Osasco x Sesi. O primeiro confronto marcava o duelo entre os dois técnicos de seleção brasileira. Já a outra semifinal, seria a chance do Osasco devolver a derrota do Sul-Americano para o Sesi. Mas não foi isso que aconteceu! Contrariando todos os prognósticos, o Sesi eliminou o Osasco, por 2×0, quebrando a maior série de vitórias da história da Superliga Feminina, conquistada pelo Osasco, com 28 triunfos consecutivos.

Além disso, depois de 12 temporadas, o Osasco não era finalista da Superliga Feminina. Para se ter uma ideia do feito, até aquele momento, com poucos anos de história, o Sesi nunca havia vencido o Osasco na Superliga Feminina. Tudo isso foi possível, graças ao entrosamento de Dani Lins e Fabiana e as inversões de 5×1 cirúrgicas do técnico Talmo.

O jogo 2 da série melhor de três entre as duas equipes, é um dos mais dramáticos da história da Superliga Feminina. O Osasco teve vários match points para empatar a série com o Sesi, mas não conseguiu fechar a partida. No link abaixo, você acessa o jogo 2 no YouTube.

A outra semifinal da competição, entre os times de Bernardinho e José Roberto Guimarães, não deveu em nada ao confronto paulista. Rexona e Vôlei Amil fizeram um duelo tático digno de final de Jogos Olímpicos. Nos dois jogos da série, principalmente em Campinas, Bernardinho desmontou o esquema tático de José Roberto.

O time de Campinas jogava com uma “falsa oposta” que privilegiava a recepção, ao invés da virada de bola. Quem atuava na posição era norte-americana Kristin Hildebrand que jogava pelos Estados Unidos na entrada de rede. Além disso, a central Walewska do Campinas jogava passando no fundo de quadra. Praticamente um vôlei retrô!Tudo isso, para aproveitar o potencial na ponta de Natália e Tandara. Não deu certo. No link abaixo, você acessa no YouTube, o jogo 1 e 2 da série entre Rexona e Vôlei Amil.

DECISÃO

Na decisão do título, mais um roteiro inesperado. Com muita pressão no serviço, o Rexona abriu 2×0 no placar com extrema facilidade. O Sesi devolveu na mesma moeda na terceira parcial. Mas no fim, deu Rexona, pela nona vez na história da Superliga Feminina, por 3×1. Depois de semifinais eletrizantes, a final ficou abaixo das expectativas, com parciais atípicas. Mais uma surpresa dessa temporada da Superliga Feminina, que definitivamente entrou para história!

A RIVALIDADE ENTRE MINAS E CIMED/FLORIANÓPOLIS NA SUPERLIGA

O time do Cimed/Florianópolis formou a base da seleção brasileira nos Jogos do Rio 2016/Divulgação

Durante a década de 2000, Minas e Cimed/Florianópolis dominaram o cenário da Superliga Masculina. Na primeira metade dos anos 2000, o Minas conquistou dois títulos da competição. Na sequência do período, o Minas ainda foi finalista por cinco temporadas consecutivas, sendo campeão em 2006/2007. Por sinal, sua última conquista de Superliga Masculina. Foi justamente nessa época que o Minas começou a perder a supremacia na história da competição.

A partir da temporada de 2005/2006, o Minas ganhou um rival à altura no torneio. Um novo projeto surgiu no sul do Brasil, na esteira do fim das equipes patrocinadas por universidades da região. Sob o comando técnico de Renan Dal Zotto, o Cimed/Florianópolis chegou forte na disputa do título da Superliga Masculina, já na primeira temporada de sua história. O time de Santa Catarina conquistou 4 títulos da Superliga Masculina, sendo que em três deles, o Minas foi o seu rival na finalíssima da competição.

Em seu começo, o projeto do Florianópolis aproveitou o êxodo de jogadores da seleção brasileira para Europa, apostando em uma nova geração, que viria a ser campeã olímpica nos Jogos do Rio 2016. Foi nessa época, que o entrosamento entre Bruninho e Lucão atingiu a sintonia fina vista por todos na seleção brasileira. Com a crise econômica mundial de 2008, vários jogadores brasileiros retornaram do exterior, fortalecendo a Superliga. Mais uma vez, o Florianópolis soube aproveitar a oportunidade no mercado contratando grandes estrelas como Giba e Gustavo, mudando o perfil do seu projeto.

Enquanto isso, o Minas se apoiava muito no trio Ezinho, Roberto Minuzzi e Samuel. Os três atacantes defendiam a camisa do Minas como poucos. O desempenho deles na Superliga levou os três jogadores para seleção brasileira. Mas infelizmente, nenhum dos três conseguiu vingar com a camisa do Brasil. Ezinho pela baixa estatura, Roberto Minuzzi por problemas cardíacos e Samuel com lesão no ombro que praticamente o tirou da prática da modalidade em alto nível. Samuel ainda fez parte da delegação brasileira nos Jogos de Pequim 2008, sendo medalhista de prata, mas dali em diante, devido ao problema no ombro, nunca mais conseguiu recuperar o seu rendimento. Posteriormente, com o retorno de André Heller e André Nascimento, o Minas foi superado pela segunda vez consecutiva pelo Florianópolis na Superliga em uma decisão.

No fim das contas, o Florianópolis venceu o Minas nas finais da Superliga Masculina por três temporadas. O Minas, como dito acima, venceu uma vez. O Florianópolis ainda conquistou mais um título de Superliga, na temporada 2009/2010, contra o Montes Claros, encerrando o ciclo da década sob vantagem de títulos contra o seu principal rival, Minas, por 4×3. No link abaixo, você acessa a última final de Superliga Masculina entre Minas e Florianópolis na temporada 2008/2009.

O PRIMEIRO OURO DOMINICANO NO PAN

As dominicanas venceram a última edição do Pan em 2019/Divulgação/Norceca

Há 20 anos, um trabalho árduo da República Dominicana alcançava a glória! Pela primeira vez, a seleção caribenha conquistava o ouro nos Jogos Pan-Americanos. Jogando em casa, com o apoio da torcida, em Santo Domingo, as dominicanas venceram Cuba na decisão do título, em um jogo dramático. Jackson, Bautista, Milagros Cabral, Árias, Vargas Valdez, Rodríguez, entraram para o panteão do voleibol dominicano. Uma conquista celebrada diante do Presidente da República do país naquele momento. Conheça abaixo um pouco da história do primeiro ouro da República Dominicana nos Jogos Pan-Americanos.

LEGADO

Antes de ganhar o ouro nos Jogos Pan-Americanos, a República Dominicana fez um investimento na modalidade a longo prazo. Durante os anos de 1990, na preparação para o Mundial 1998, a República Dominicana fez uma série de amistosos contra o Peru. Um número elevado de jogos, com vitórias e derrotas. Porém, o primeiro grande salto de qualidade ocorreu mesmo no Mundial 1998. Em um grupo complicado, com Brasil e Rússia, as dominicanas conseguiram avançar de fase, vencendo a Alemanha, por 3×2. Ao final da competição, a República Dominicana terminou em um honroso 11º lugar, na frente dos Estados Unidos.

PAN DE WINNIPEG

Nos Jogos Pan-Americanos de 1999, em Winnipeg, no Canadá, as dominicanas deram o segundo salto de qualidade. Disputaram o bronze contra os Estados Unidos, além de vencer o Peru e o Canadá, na 1ª fase. Diante das norte-americanas, pela medalha de bronze, apesar de levarem o jogo da 1ª fase para o tie-break, as dominicanas foram superadas, por 3×0. Mas o recado estava dado, o investimento dominicano na modalidade não era brincadeira.

AMISTOSOS COM O BRASIL

Durante o ciclo dos Jogos Olímpicos de Atenas, no qual a República Dominicana disputou, uma série de amistosos com o Brasil foram realizados durante o ano de 2002. Com uma nova geração, que seria bicampeã olímpica mais para frente, o Brasil teve muitas dificuldades contra o time caribenho. Foram várias partidas decididas apenas no tie-break. Mais uma vez, a República Dominicana provava que o seu nível de competitividade na modalidade não era fogo de palha.

ÁPICE DA FORMA

Depois de uma performance decepcionante no Mundial 2002, a República Dominicana voltou seus olhos para os Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, em 2003. Jogando em casa, a responsabilidade e a pressão sobre essa seleção histórica subiu de patamar. Era praticamente obrigatório a conquista do ouro. A grande rival pela medalha era Cuba. Brasil e Estados Unidos levaram para o torneio times alternativos.

CAMPANHA

Na 1ª fase, mesmo com o apoio da torcida, a República Dominicana foi superada por Cuba, por 3×1. O grande teste veio na semifinal contra o Brasil. Um jogo amarrado, em que Dani Lins e Fabiana, já entrosadas da seleção juvenil, deram muito trabalho para o time da casa. Mas no fim, as dominicanas avançaram para decisão do ouro contra Cuba, com uma vitória, por 3×2.

DECISÃO DO OURO

Na grande decisão do ouro dos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, a República Dominicana não decepcionou sua torcida. Abriu 2×0 no placar, mas acabou permitindo o empate cubano. Em um tie-break dramático, veio a medalha de ouro. Uma comoção tomou conta do ginásio! Houve invasão de torcedores. Após 41 anos, a República Dominicana voltava a vencer um jogo contra Cuba. Como prêmio, além do ouro, as dominicanas foram uma das seleções convidadas para disputa da Copa do Mundo 2003, no Japão. Para completar, meses depois, também conquistaram pela primeira vez, a classificação olímpica para os Jogos de Atenas. No link abaixo, você acessa a final completa dos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, em 2003.

O PRIMEIRO OURO OLÍMPICO DO VÔLEI FEMININO

As brasileiras comemorando o inédito ouro olímpico/Divulgação/Twitter

Há 15 anos, na Olimpíada de Pequim, finalmente, o Brasil conquistava o ouro no vôlei feminino. Contra tudo e contra todos, as brasileiras calaram os críticos, apagando uma série de insucessos anteriores. Sob a liderança de Fofão, as brasileiras realizaram uma campanha impecável. Deu tudo certo para o Brasil! Com apenas uma parcial perdida, em 8 jogos, as brasileiras subiram no lugar mais alto do pódio, com a melhor performance da história da modalidade nos Jogos Olímpicos. Mas essa conquista não teria o mesmo sabor, não fosse a superação das brasileiras, depois da decepção dos Jogos de Atenas. Confira a seguir, um pouco dessa história.

A levantadora Fofão, em primeiro plano, uma das grandes personagens da conquista/Divulgação/Twitter

CORTE DE UM ÍDOLO

Após um ano de 2007 difícil, José Roberto Guimarães se viu em uma situação complicada às vésperas da Olimpíada de Pequim. O até então campeão olímpico em Barcelona, no naipe masculino, ficou entre a cruz e a espada para decidir sobre os cortes na delegação brasileira. Fechado com o grupo, reintegrou Mari ao time na posição de ponteira e cortou a levantadora Fernanda Venturini, ídolo do Brasil na modalidade. Obviamente, foi alvo de críticas, mas bancou sua escolha com o argumento de respeito ao ciclo olímpico. Fernanda Venturini não fez parte da seleção durante os quatro anos anteriores da Olimpíada de Pequim. Em seu lugar, Zé Roberto convocou Carol Albuquerque.

PONTEIRA OU OPOSTA?

Como dito acima, Mari voltou para seleção brasileira na posição de ponteira. Originalmente, Mari jogava como oposta. Mas nesta posição, o Brasil tinha Sheilla voando. Zé Roberto, muito perspicaz, deslocou Mari de posição. Aproveitou algumas temporadas na Itália, para treinar o passe de Mari. Além disso, escondeu como nunca o jogo dos adversários. Mari só foi assumir a posição titular de ponteira da seleção brasileira no Grand Prix 2008. Aliás, foi eleita MVP dessa competição, justamente pelo seu rendimento na posição de ponteira.

O DONO DA BOLA

Falando em passe, uma novidade dos Jogos de Pequim 2008, foi a troca da bola do jogo durante a Olimpíada. A mudança pegou muita gente de surpresa. A Rússia, uma das favoritas ao ouro, teve muitas dificuldades de adaptação. Até hoje, as russas possuem problemas crônicos na recepção, após essa troca de bolas. Outras seleções, com tradição em um jogo mais técnico, foram privilegiadas, como Japão e Estados Unidos. Talvez, esse tenha sido um pulo do gato também para o Brasil.

1ª FASE IMPECÁVEL

Mesmo caindo no grupo da morte, o Brasil sobrou na 1ª fase. As brasileiras simplesmente massacraram nada mais, nada menos, que Itália, Rússia e Sérvia. O confronto com as russas foi emblemático. Em quadra, as brasileiras não demonstraram nenhum vestígio das derrotas para a Rússia nos Jogos de Atenas 2004 e no Campeonato Mundial 2006. Como dito acima, o Brasil foi impecável, com cinco vitórias, por 3×0, um recorde dos Jogos Olímpicos.

PLAYOFFS

No mata-mata, um novo teste para o Brasil, dessa vez, contra asiáticas. Primeiro, o Japão. Novo triunfo, por 3×0, sem sustos. Depois, o grande desafio, a China, atual campeã olímpica e sede dos Jogos de Pequim. Para muitos, esse foi o confronto mais difícil para o Brasil na Olimpíada. Sob pressão da torcida chinesa, as brasileiras foram minando o adversário aos poucos, fechando mais um jogo, em 3×0. Inacreditável! O Brasil chegava na sua primeira final olímpica, sem perder um set sequer.

DECISÃO DO OURO

As brasileiras após a conquista do ouro/Divulgação/Twitter

Muitos esperavam Itália ou Cuba na decisão do ouro com o Brasil. Mas o surpreendente EUA, dirigido por Lang Ping, foi o adversário brasileiro na final. Um confronto que com o passar dos anos, virou um clássico do voleibol internacional, com grande rivalidade por sinal. Pois bem, em 2008, apesar de conseguir tirar uma parcial do Brasil, os Estados Unidos não foram páreos. Vitória brasileira por 3×1, após uma ataque para fora, da maior pontuadora dos Jogos de Pequim 2008, Logan Tom. As brasileiras alcançavam o Olimpo, pela primeira vez, sendo Paula Pequeno, MVP dos Jogos, e José Roberto Guimarães, o primeiro técnico da modalidade campeão olímpico nos dois naipes. No link abaixo, você assiste na íntegra, a final dos Jogos de Pequim 2008, entre Brasil e Estados Unidos.

O TÍTULO MUNDIAL DO BEBETO DE FREITAS

Bebeto de Freitas foi um grande conhecedor do voleibol no Brasil/Divulgação/Arquivo/Gazeta Press

Falecido há 5 anos, vítima de infarto, Bebeto de Freitas escreveu seu nome na história do voleibol. Ele foi um dos responsáveis pelo sucesso da modalidade no Brasil, na primeira metade da década de 1980, no naipe masculino. Sob seu comando técnico, o vôlei masculino alçou voos mais altos sendo vice-campeão olímpico em Los Angeles 1984 e vice-campeão mundial em 1982. Conhecida como geração de prata, essa seleção do Brasil na modalidade marcou época. Dessa geração surgiram nomes importantes como Bernardinho e Renan Dal Zotto. Mas apesar do histórico vitorioso com a seleção brasileira, foi por outro país que Bebeto de Freitas tornou-se campeão mundial há 25 anos.

NOVO TÉCNICO

Quando os Jogos Olímpicos de Atlanta em 1996 foram encerrados, a CBV estava em busca de um novo nome para comandar a seleção brasileira masculina. O fim do ciclo de José Roberto Guimarães era notório, após o fracasso olímpico nos Jogos de 1996. Vários nomes foram cogitados pela CBV, sendo um deles, o de Bebeto de Freitas. No entanto, em busca de uma renovação total, a CBV preteriu Bebeto de Freitas, escolhendo Radamés Lattari. A decisão da CBV na época foi considerada polêmica. Muitos na imprensa preferiam o técnico do Suzano, campeã nacional no período, Ricardo Navajas. Segundo consta, a escolha da CBV deixou Bebeto de Freitas chateado.

EXPATRIAÇÃO ITALIANA

Ele seguiu no voleibol nacional, dirigindo a equipe do Olympikus, em Campinas, com Maurício e Tande. Com ela, conquistou o título da Superliga Masculina. Nada disso foi suficiente para comover a CBV. Dois anos depois, em 1998, veio o troco. A Olympikus mudou de sede, saindo do interior paulista, indo para o Rio de Janeiro. Bebeto de Freitas deixou a equipe. Foi quando a Federação Italiana de Vôlei convidou Bebeto para substituir Júlio Velasco no comando da seleção italiana masculina. Ele claro, topou.

MUNDIAL 1998

A preparação da Itália na temporada, em 1998, foi exclusiva para o Mundial 1998. Após um fracasso na Liga Mundial, torneio que a Itália dominava, os italianos vieram com o sangue nos olhos para conquistar o tricampeonato mundial. Pappi, Giani, Meoni e companhia eram os favoritos para o título. Mas durante a competição, a jovem geração do Brasil despontou para a conquista. Os brasileiros chegaram nas semifinais invictos, dando show de bola. Já a Itália de Bebeto de Freitas acabou sendo derrotada pela Iugoslávia na 2ª fase, por 3×1. O revés acabou provocando o encontro precoce entre brasileiros e italianos nas semifinais.

SEMIFINAL INDIGESTA

Brasil e Itália fizeram o melhor jogo do Campeonato Mundial de 1998. Muito disputada, a partida foi decidida apenas no tie-break. Para se ter uma ideia, Giba, ainda jovem, jogou o confronto com o pé torcido, a partir da quarta parcial. Bebeto de Freitas, o técnico brasileiro da Itália, comandava tudo no banco com muita tensão. Era visível o desconforto da situação. Naquela época, o voleibol ainda era disputado no sistema de vantagem. No fim, deu Itália, por 3×2, com parciais de 15/10, 13/15, 15/11, 10/15, 15/11. Até hoje, os brasileiros que viriam a ganhar tudo depois, lamentam o revés nessa semifinal. No link abaixo, você acessa esse jogo do Mundial 1998, entre Brasil e Itália.

TÍTUTO MUNDIAL

Superado o Brasil, a Itália teria pela frente na decisão do título, a Iugoslávia. A derrota na 2ª fase estava engasgada. Para Bebeto de Freitas era chance de uma conquista inédita. Os italianos queriam o tricampeonato mundial. E ele veio. Sem tomar conhecimento do adversário, a Itália bateu os iugoslavos, por sonoros 3×0 na decisão. Bebeto de Freitas entrava para a história do Mundial. Como reconhecimento do seu trabalho, ele foi escolhido como melhor técnico da competição. Foi o único prêmio individual da Itália ao final da competição, o que atesta o tamanho do seu trabalho coletivo no terceiro título mundial italiano.