
Falecido há 5 anos, vítima de infarto, Bebeto de Freitas escreveu seu nome na história do voleibol. Ele foi um dos responsáveis pelo sucesso da modalidade no Brasil, na primeira metade da década de 1980, no naipe masculino. Sob seu comando técnico, o vôlei masculino alçou voos mais altos sendo vice-campeão olímpico em Los Angeles 1984 e vice-campeão mundial em 1982. Conhecida como geração de prata, essa seleção do Brasil na modalidade marcou época. Dessa geração surgiram nomes importantes como Bernardinho e Renan Dal Zotto. Mas apesar do histórico vitorioso com a seleção brasileira, foi por outro país que Bebeto de Freitas tornou-se campeão mundial há 25 anos.
NOVO TÉCNICO
Quando os Jogos Olímpicos de Atlanta em 1996 foram encerrados, a CBV estava em busca de um novo nome para comandar a seleção brasileira masculina. O fim do ciclo de José Roberto Guimarães era notório, após o fracasso olímpico nos Jogos de 1996. Vários nomes foram cogitados pela CBV, sendo um deles, o de Bebeto de Freitas. No entanto, em busca de uma renovação total, a CBV preteriu Bebeto de Freitas, escolhendo Radamés Lattari. A decisão da CBV na época foi considerada polêmica. Muitos na imprensa preferiam o técnico do Suzano, campeã nacional no período, Ricardo Navajas. Segundo consta, a escolha da CBV deixou Bebeto de Freitas chateado.
EXPATRIAÇÃO ITALIANA
Ele seguiu no voleibol nacional, dirigindo a equipe do Olympikus, em Campinas, com Maurício e Tande. Com ela, conquistou o título da Superliga Masculina. Nada disso foi suficiente para comover a CBV. Dois anos depois, em 1998, veio o troco. A Olympikus mudou de sede, saindo do interior paulista, indo para o Rio de Janeiro. Bebeto de Freitas deixou a equipe. Foi quando a Federação Italiana de Vôlei convidou Bebeto para substituir Júlio Velasco no comando da seleção italiana masculina. Ele claro, topou.
MUNDIAL 1998
A preparação da Itália na temporada, em 1998, foi exclusiva para o Mundial 1998. Após um fracasso na Liga Mundial, torneio que a Itália dominava, os italianos vieram com o sangue nos olhos para conquistar o tricampeonato mundial. Pappi, Giani, Meoni e companhia eram os favoritos para o título. Mas durante a competição, a jovem geração do Brasil despontou para a conquista. Os brasileiros chegaram nas semifinais invictos, dando show de bola. Já a Itália de Bebeto de Freitas acabou sendo derrotada pela Iugoslávia na 2ª fase, por 3×1. O revés acabou provocando o encontro precoce entre brasileiros e italianos nas semifinais.
SEMIFINAL INDIGESTA
Brasil e Itália fizeram o melhor jogo do Campeonato Mundial de 1998. Muito disputada, a partida foi decidida apenas no tie-break. Para se ter uma ideia, Giba, ainda jovem, jogou o confronto com o pé torcido, a partir da quarta parcial. Bebeto de Freitas, o técnico brasileiro da Itália, comandava tudo no banco com muita tensão. Era visível o desconforto da situação. Naquela época, o voleibol ainda era disputado no sistema de vantagem. No fim, deu Itália, por 3×2, com parciais de 15/10, 13/15, 15/11, 10/15, 15/11. Até hoje, os brasileiros que viriam a ganhar tudo depois, lamentam o revés nessa semifinal. No link abaixo, você acessa esse jogo do Mundial 1998, entre Brasil e Itália.
TÍTUTO MUNDIAL
Superado o Brasil, a Itália teria pela frente na decisão do título, a Iugoslávia. A derrota na 2ª fase estava engasgada. Para Bebeto de Freitas era chance de uma conquista inédita. Os italianos queriam o tricampeonato mundial. E ele veio. Sem tomar conhecimento do adversário, a Itália bateu os iugoslavos, por sonoros 3×0 na decisão. Bebeto de Freitas entrava para a história do Mundial. Como reconhecimento do seu trabalho, ele foi escolhido como melhor técnico da competição. Foi o único prêmio individual da Itália ao final da competição, o que atesta o tamanho do seu trabalho coletivo no terceiro título mundial italiano.