LIGA MUNDIAL, GRAND PRIX OU VNL?

Neste mês de maio começa mais uma edição da Liga das Nações, principal competição anual da FIVB. Em sua sexta edição, o torneio de 2024 promete ser histórico. Isso porque, através da disputa de jogos da 1ª fase, serão definidas 5 vagas olímpicas, nos dois naipes, pelo ranking internacional. Essa inovação, importada do vôlei de praia, foi uma maneira encontrada pela FIVB de incrementar sua competição, atraindo atenção de todas seleções. Além disso, o sorteio dos grupos dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, também será afetado pela fase regular da Liga das Nações 2024. Mas antes do surgimento da competição, como era a temporada de seleções no cenário internacional?

SURGIMENTO

Criada em 2018, a Liga das Nações nasceu da necessidade da FIVB em reposicionar sua marca no mercado. Antes dela, até 2017, a principal competição anual da FIVB era a Liga Mundial no naipe masculino e o Grand Prix no naipe feminino. Tecnicamente falando, a FIVB desencadeou um processo de rebranding em suas principais competições, quando criou a Liga das Nações. O desgaste dos formatos anteriores era crescente. As reclamações sobre o calendário também foram um fator determinante. O objetivo era valorizar suas competições. Mas parece que com o passar do tempo o resultado almejado não foi alcançado.

MOTIVAÇÃO

Competições esportivas entre países sempre são fruto de intensa disputa. Apesar do blog não ter a confirmação, uma das motivações para criação da Liga das Nações pode ter sido uma virada de mesa. De acordo com o regulamento da Liga Mundial, em 2017, a seleção masculina da Itália deveria ter sido rebaixada da principal competição anual da FIVB. Os italianos terminaram o torneio em último lugar, com uma campanha vexaminosa de 2 vitórias em 9 jogos. Misteriosamente, os dirigentes da federação tiraram da cartola, a criação de uma nova competição, quando um dos seus principais mercados estava ameaçado. A Itália é um dos países com uma das principais ligas de voleibol de clubes do mundo. O esporte é popular no país. Além disso, até 2017, os italianos eram um dos principais vencedores da Liga Mundial, com 8 títulos, atrás apenas do Brasil. Das duas uma, ou italianos tinham a informação do processo de rebranding da competição anteriormente ou viraram a mesa!

POLÍTICA

Não dá para negar que a mudança foi para melhor. A Liga das Nações em suas duas primeiras edições deu show de organização e divulgação. Porém, a atual administração da FIVB sempre esteve à procura de uma marca. E o momento para essa mudança encontrou o timing perfeito com o rebaixamento da Itália na Liga Mundial 2017. Entretanto, esse movimento brusco da FIVB pareceu coisa de político brasileiro, que quando assume um novo cargo ou direção, quer imediatamente, apagar tudo de bom realizado por administrações anteriores.

APAGAMENTO

Como dito acima, uma das consequências da criação da Liga das Nações, foi o apagamento da história das competições anteriores. Em qualquer discussão sobre a modalidade em rede social, é difícil explicar quem herdou os títulos das competições anteriores, no caso Liga Mundial e Grand Prix. Tudo porque, para FIVB, ou seja para história, são competições distintas. Tanto que para FIVB, a seleção brasileira feminina nunca ganhou a Liga das Nações. Enquanto o masculino venceu em 2021 na bolha de Rimini.

SITUAÇÃO ATUAL

Atualmente, a insatisfação dos atletas com o calendário é pior do que antes da criação da Liga das Nações. Os atletas reclamam das viagens exaustivas, do excesso de jogos, da precariedade das instalações dos ginásios e da hospedagem. A contestação dos artistas do espetáculo foi tão grande, que no ano passado, ao anunciar o calendário do próximo ciclo olímpico, a FIVB atendeu em partes à reivindicação dos atletas, diminuindo o tamanho das competições, mudando o calendário. Mas ao que parece eles continuam insatisfeitos, assim como algumas federações e clubes.

TIRO NO ALVO

A ideia de utilizar o ranking internacional para definir classificação olímpica foi um tiro certeiro da FIVB. Salvou a Liga das Nações do fracasso, depois da pandemia, neste ciclo olímpico. Mas não pode ser considerado algo inovador. Foi importado do voleibol de praia, que define suas vagas olímpicas, desde sempre, pelo ranking internacional, como dito acima no começo do texto. Tanto que para os Jogos de Los Angeles 2028 o sistema foi modificado. Resta saber, como ficará o nível de competição, interesse e organização da Liga das Nações, em suas próximas edições, sem a utilização do ranking internacional para definir classificação olímpica?

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