Durante a pandemia, o sistema de ranqueamento de atletas foi encerrado de vez na Superliga de vôlei brasileira. Primeiramente no naipe masculino, o ranqueamento de atletas teve o seu fim na temporada 2018/2019. Posteriormente, foi a vez do naipe feminino em 2020. O sistema atribuía pontuação aos jogadores para impedir a formação de super times. Uma mesma equipe não poderia contratar mais de dois atletas de pontuação máxima. O objetivo do sistema era equilibrar a disputa. Três anos após o fim definitivo do ranqueamento, o blog aponta algumas das consequências do seu encerramento.
ANTECEDENTES
Quando a Superliga surgiu na temporada 1994/1995, substituindo a Liga Nacional, uma das novidades apresentadas pela CBV, foi a instituição do sistema de ranqueamento dos atletas. A meta da CBV era impedir a formação de super times, além de emparelhar a disputa, visando atrair mais público para a competição. Um caso emblemático da época era a equipe do Leite Moça. Com grande poder de investimento, o Leite Moça chegou a contar com praticamente todo o elenco da seleção brasileira feminina, desequilibrando a disputa.
VIGÊNCIA DO RANKING
Enquanto o ranking perdurou na Superliga, principalmente nas primeiras temporadas, foi quando ele de fato funcionou. Ao mesmo tempo em que a disputa ficou mais equilibrada, o ranking obrigou as equipes com maior poder de investimento, a importar jogadores estrangeiros para formação do plantel. Com o passar dos anos, o ranking de atletas perdeu sua funcionalidade.
PRESSÃO DE JOGADORES
O ranking de atletas se tornou tão problemático, que vários jogadores com alta pontuação no sistema, ficaram sem mercado no Brasil. Além disso, com a hegemonia técnica da Unilever e do Cruzeiro, a pressão para o fim dos sistema aumentou de forma exponencial. Até os torcedores foram envolvidos no imbróglio, quando o ranking da CBV obrigou o Sada/Cruzeiro a desmontar seu time. Um dos exemplos da época, foram as saídas do levantador William e do oposto Wallace.
FIM DO RANKING
Como dito acima, o ranking de atletas teve o seu fim durante a pandemia de COVID-19. Mas a extinção do sistema, não ocorreu assim com facilidade. Ao contrário do naipe masculino, entre as mulheres, a votação pelo fim do ranking foi cercada de polêmicas, com direito a tapetão. Para se ter uma ideia, a reunião que decretou o fim do sistema precisou de recontagem de votos e com placar apertado.
CONSEQUÊNCIAS
Com o fim do ranqueamento de atletas, o principal atingido pela mudança foi o time dirigido pelo técnico Bernardinho, no naipe feminino. Quando da vigência do sistema na Superliga Feminina, o time de Bernardinho sabia manejar o mercado a seu favor, misturando jovens promessas, estrangeiras e as sobras de pontuação máxima do ranking de atletas. O ápice dessa estratégia ocorreu na temporada 2012/2013, quando com um time B do Brasil, Bernardinho superou a seleção brasileira feminina, bicampeã olímpica, que na época jogava junto no Sollys Nestlé em Osasco.
Além disso, o fim do ranqueamento, possibilitou uma invasão estrangeira jamais vista no Brasil, no naipe feminino. Os clubes aumentaram o número de atletas estrangeiras permitidas na competição, em cada equipe. De duas atletas para três. Nem mesmo a desvalorização da moeda nacional, conseguiu barrar esse processo. Para completar, Praia e Minas consolidaram o protagonismo na competição. A última vez que uma equipe quebrou a polarização mineira foi na temporada 2017/2018.
Entre os homens, o fim do sistema de ranqueamento, à primeira vista, não provocou um grande desequilíbrio, como apontado durante a vigência do ranking. Nas primeiras temporadas após o seu fim, foi quando justamente o Cruzeiro perdeu a sua hegemonia. No entanto, é impossível negar que nenhum clube de voleibol masculino no Brasil, consegue competir com a Sada, em termos de investimento financeiro. Dentro de quadra, a história é outra. Desde o fim da vigência do ranking, o Cruzeiro foi campeão da Superliga Masculina em duas das quatro temporadas disputadas. Um aproveitamento de 50% contra cinco títulos consecutivos nos anos anteriores com a vigência do ranking.

