Com a conquista francesa, no naipe masculino, chegou ao fim no último domingo, a Liga das Nações de vôlei 2022. Anteriormente, a Itália já havia vencido a competição, entre as mulheres. Diga-se de passagem, foram duas conquistas inéditas. Tanto a vitória da França, quanto da Itália. Ao Brasil, restou o vice-campeonato na versão feminina do torneio. Nossa seleção chegou perto mais uma vez, batendo na trave pela terceira vez consecutiva. No entanto, em comparação com a seleção masculina, o saldo foi positivo.
RENOVAÇÃO
Apesar da derrota na final para a Itália, o técnico José Roberto Guimarães conseguiu encaminhar o trabalho de renovação da seleção feminina. O tricampeão olímpico começa a colher os resultados do seu trabalho no clube. Sem apoio financeiro, José Roberto conseguiu construir no seu clube, uma base sólida que vai servir ao Brasil, pelo menos, nas duas próximas Olimpíadas. Além disso, o Brasil hoje possui um bom elenco, com opções, ao contrário da seleção masculina.
Falando neles, as lesões de algumas peças importantes, e alguns resultados inesperados, impediram um trabalho de renovação mais consistente do técnico Renan Dal Zotto. Ao ver o Brasil com risco de eliminação das finais da Liga das Nações 2022, Renan não teve outra escolha a não ser contar com os jogadores experientes.
Para complicar, a pouco tempo dos Jogos de Paris 2024, o Brasil não tem outra alternativa que não seja contar com o que tem. Uma mudança mais radical neste momento na seleção, diminuiria as chances de medalha do Brasil, além de expor jovens promessas. Para o próximo ciclo, a situação é irreversível. O Brasil terá que mudar, mesmo que para isso não seja competitivo.

MUNDIAL
Uma prova dessa situação complicada, é a recente convocação do Brasil para o Mundial masculino 2022. Para suprir a ausência de três opostos contundidos, Renan recorreu ao campeão olímpico Wallace, que havia se aposentado da seleção. Seja como for, não deixa de ser uma esperança para o Brasil no Mundial que começa no dia 26 de Agosto. Uma coisa é certa, apaguem tudo que ocorreu na Liga das Nações 2022. No Mundial, as coisas tendem a ser diferentes.
Isso porque, devido ao calendário exaustivo, muitas seleções utilizaram a competição para rodar elenco, fazer testes, poupando suas principais peças. Como dito acima, o Brasil de Renan também tentou seguir por esse caminho, mas foi atropelado pelas circunstâncias. No feminino, o processo deu certo, porém, é bom ficar atento.
Com a desculpa de rodar elenco, muitas seleções esconderam o seu jogo, ou melhor, suas formações principais. Pode-se questionar se isso é possível em 2022, com o mundo do vôlei globalizado. Então eu pergunto ao caro leitor: você acredita que José Roberto Guimarães disputará o Mundial feminino com a jovem central Júlia Kudiess de titular? Ou ainda, que ele não utilizará Tainara, Rosamaria e Ana Cristina? E isso é uma questão que cabe para todas as seleções. Façam suas apostas!

FATOR DE DESEQUILÍBRIO
Ainda sobre a Liga das Nações, acerca de questões técnicas, o grande fator de desequilíbrio da vitória francesa foi o serviço. Aliás, em quase todos os jogos da competição masculina, o serviço foi a chave da vitória. Talvez isso possa explicar a evolução do Japão e o fracasso do Brasil no torneio. Não tem como jogar voleibol em alto nível, no naipe masculino, sem agredir no serviço. Mesmo que pra isso tenham mais erros.
Assim como no tênis, o serviço passou a ser mensurado, nas estatísticas, desde os Jogos Olímpicos de Tóquio, como erro forçado. Isso explica, por exemplo, como a França venceu alguns jogos errando mais. Os franceses colheram o resultado de uma estratégia suicida no serviço. Assim como Polônia, Japão, Itália e Estados Unidos, em outras partidas. Daqui em diante, no voleibol masculino, não tem como ser diferente disso. Ou as seleções entram “matando” no serviço, ou não tem jogo, dado a potência dos ataques.
