Durante a semana que passou, a Rússia foi banida de todas as competições esportivas pela WADA – Agência Mundial Antidoping, por 4 anos, entre elas os Jogos de Tóquio e a Copa do Mundo do Catar. O motivo ainda é consequência do escândalo de doping descoberto em 2015. Além disso, o país também está proibido de sediar eventos esportivos de qualquer natureza nesse período. Para os atletas, a punição foi um pouco mais branda. Desde que provem estarem “limpos”, eles poderão competir nas Olimpíadas de 2020, como independentes, sob bandeira neutra, assim como nos Jogos de Inverno, em 2018.
No caso específico do vôlei, a FIVB ainda não se pronunciou, preferindo esperar a chance de defesa dos russos através de recursos. No entanto, nos bastidores e nas redes, a especulação em torno da situação foi enorme. Ficou claro que, seja qual for a decisão tomada pela FIVB a respeito do tema, a saída para resolver a questão será política. Isso porque, tanto no naipe feminino, quanto no naipe masculino, a Rússia já garantiu classificação, dentro de quadra, para os Jogos de Tóquio no ano que vem. Para complicar o problema, a Rússia foi escolhida como sede do Mundial masculino da modalidade, em 2022.
Entre as propostas para a solução do caso, existem até o momento 4 possibilidades. A primeira, como dito no texto acima, seria a chance dos atletas russos participarem dos Jogos, com bandeira neutra, de forma independente, após processo rigoroso de testes antidoping. A segunda possibilidade, polêmica, com exclusão total da Rússia das Olimpíadas. Nesse caso, sendo substituída pelo segundo colocado do qualificatório olímpico, Coréia do Sul, no feminino, e Irã, no masculino. A terceira, não menos polêmica, com a classificação automática do melhor ranqueado da FIVB no lugar da Rússia. No caso, Holanda na categoria feminina e Canadá na categoria masculina. Por fim, a última possibilidade, uma repescagem olímpica, valendo uma vaga nos Jogos, meses antes do seu início.
Seja qual for a saída encontrada, é evidente que a FIVB será colocada à prova. Seus dirigentes terão de lidar com todo o tipo de lobby para resolver a questão. Dado o aperto no calendário, além do recurso de defesa dos russos, no momento, aguardar é a melhor solução. Em janeiro, nos Pré-Olímpicos de cada continente, mais dez participantes das Olimpíadas, somando a disputa feminina e masculina, serão conhecidos. Esperar essa definição das vagas, para tomar uma atitude quanto a questão russa, não é de todo mal. Impede que algumas seleções sejam beneficiadas em detrimento de outras.
Controvérsias a parte, não é a primeira vez que a competição olímpica é desfalcada por motivos externos e políticos. Na década de 80, boicotes políticos foram seguidos em sequência, nos Jogos de 1980, 1984, 1988. Em 1992, a antiga União Soviética disputou as Olimpíadas como C.E.I – Comunidade dos Estados Independentes, em virtude do fim do regime comunista no país e no Leste Europeu. Em alguns casos, países participaram dessas edições específicas dos Jogos, conquistando a vaga nos bastidores. Nesse aspecto, a decisão da FIVB é soberana. No entanto, espera-se que ela seja limpa.