O ano era 1991. A seleção brasileira feminina de vôlei já não contava mais com os ícones da geração dos anos 80, Vera Mossa e Isabel. Campeão mundial na base, o Brasil passava por um forte processo de renovação. Capitaneadas por Wadson Lima, Fernanda Venturini, Ana Moser e Ana Flávia Sanglard galgavam espaço no sexteto titular brasileiro. Ancoradas por nomes como Ida e Cilene, além da presença de talentos no banco como Fofão, Hilma, Leila e Adriana Samuel, o objetivo brasileiro era encerrar a hegemonia peruana no voleibol sul-americano.
O palco era o ginásio do Ibiraquera, em São Paulo, completamente lotado, em jogo válido pelo Sul-Americano daquele ano. Havia toda uma comoção em torno da partida. Além do título, valia a classificação olímpica para os Jogos de Barcelona, em 1992. O restrospecto todo favorável ao Peru. As peruanas atuais vice-campeãs olímpicas, nos Jogos de Seul, em 1988, além de tetracampeãs consecutivas sul-americanas. O Brasil não vencia a competição desde 1981.
Dentro de casa, a responsabilidade brasileira era enorme, apesar do favoritismo peruano. Para a jovem seleção brasileira, vencer o Peru, seria superar uma grande barreira rumo ao topo da modalidade. O time peruano comandado pelo coreano Man Bok Park tinha entre suas principais estrelas, figuras conhecidas do Brasil como: Rosa Garcia, Cecília Tait e Natália Málaga. Não foi uma tarefa fácil. Para desbancar o Peru, uma das seleções mais tradicionais da época, foi necessário trabalho árduo, que durou duas gerações.
É bom citar algumas peculiaridades da modalidade naqueles tempos. O jogo tinha vantagem, era mais lento, principalmente no feminino, havia mais combinações de jogadas e também existia espaço para jogadores mais baixos. Além disso, o sistema de jogo variava, com mudanças de posição dentro de cada partida. Pois bem, dito isso, no duelo decisivo, o Brasil finalmente bateu o Peru por 3×1, com parciais de 15/5, 9/15, 17/15, 15/13. Desde então, a seleção brasileira feminina abriu o caminho para grandes conquistas, vitórias e títulos históricos.